“Eu fico com a pureza
da resposta das crianças
...”

Gonzaguinha.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Como investir com segurança para garantir o futuro dos regimes próprios de previdência

A garantia de futuro para os beneficiários dos regimes próprios de previdência é a grande preocupação de gestores. Como preparar-se para atender às demandas destes sistemas e ao mesmo tempo atender a uma legislação tão restritiva quanto a brasileira? Por lei, os fundos de previdência de Estados e municípios podem dispor de até 30% do montante dos fundos de previdência para aplicar em papéis que não sejam dos bancos oficiais. Esta legislação leva a uma prática é muito conservadora, sem muita flexibilidade.


 O que preocupa os gestores é a acomodação dos juros internacionais, que tendem a uma queda que poderá afetar os cálculos atuariais dos RRPS. Como adequar-se à nova realidade, sem mexer na contribuição dos beneficiários dos sistemas próprios, e ao mesmo tempo garantir a rentabilidade necessária para a hora de honrar os compromissos de aposentadoria dos beneficiários?
         Para discutir este assunto, e buscar respostas que apontem para o caminho a ser seguido, a AGIP promoveu um encontro em Porto Alegre, aberto a gestores de institutos municipais, com a participação de experts em aplicação de recursos de fundos dos maiores bancos oficiais do país. Participaram do encontro, como palestrantes convidados, técnicos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banrisul. Cada um apresentou a sua posição a respeito da questão, mostrando saídas que consideram ser a solução para o segmento.
         O curso, que vai acontecer outras vezes, no formato de ciclo de debates, tem o propósito de preparar os gestores para enfrentar a nova realidade dos mercados internacionais de aplicação financeira.
         O vice-presidente executivo da AGIP, Luis Bertussi, que é hoje um dos maiores conhecedores de fundos de aplicação entre os gestores, afirma que A lei 3506, que substituiu a 3244, agora permite a aplicação de até 30% do volume de recursos dos fundos de previdência dos RRPS  em sistemas de bolsas de valores,  criou uma situação difícil em função da tendência de mudança do comportamento internacional em relação aos juros.
         Mas na opinião de Bertusssi, “os gestores precisam avaliar a questão a longo prazo, e buscar alternativas de aplicação que garantam  a compensação entre o cálculo atuarial feito quando da criação de seus sistemas, e o momento em que houver uma reacomodação dos juros em níveis internacionais”.
         Economista, especialista em finanças, Luis Bertussi aconselhou os colegas gestores a buscarem qualificação, e manter um sistema de aplicação com visão de médio e longo prazo.
         Com 22 anos de atuação no mercado, e há seis anos atendendo investidores institucionais, Ciro Augusto Miguel, da Caixa Econômica Federal, aconselha os gestores de regimes próprios a apostarem no sistema de renda variável como forma de garantir o futuro destes fundos. Na opinião de Ciro, “não se consegue mais atingir metas atuariais com títulos públicos. O gerente de relacionamento institucional da Caixa Federal, enfatizou ainda que “em se mantendo este cenário que está posto, novas alternativas surgirão, porque os regimes próprios serão obrigados a buscar estas alternativas”.
         O mercado mudou, lembra Ciro Miguel, “e há necessidade de uma alocação de risco, com sabedoria. Ele lembra que “o espaço entre a cura e  a morte do paciente pode estar na dose do remédio”, fazendo alusão à necessidade de que os gestores tomem cuidado em suas decisões a partir de agora, “para não comprometer o futuro dos recursos dos fundos de previdência dos municípios”.
         Já Roberto Balestrin, que representou o Banrisul no ciclo de palestras promovido pela AGIP, entende que “os regimes que têm uma sobra de caixa produzida por um cálculo atuarial mais folgado não terão problemas para ultrapassar este momento da história dos juros, porque a folga de caixa vai permitir a absorção de possíveis perdas, mas os gestores de sistemas criados nos últimos cinco anos, em que os cálculos atuariais foram feitos de forma justa, em cima de uma tendência de juros altos, terão problemas no futuro se não fizerem algum tipo de intervenção agora”. As soluções propostas por Balestrin são de aumento do índice de recolhimento dos beneficiários, ou terão que diminuir o percentual de pagamento aos aposentados no futuro”.
         Para os fundos de previdência que iniciaram nos últimos anos, “é preciso aumentar o volume aplicado em renda variável, como forma de compensar as diferenças que a mudança na taxa de câmbio vai nos impor nos próximos anos”.
         Balestrin lembra que as taxas de juros vinham se mantendo na faixa dos 20% há mais de seis anos, e hoje, está em 11,25%, podendo chegar aos 10% em menos de um ano.
         Balestrin elogiou a iniciativa da AGIP, de discutir a questão com muita antecedência, “porque nos próximos três anos não deveremos ter problemas em relação ao futuro dos fundos de pensão, mas é necessário construir alternativas, ao longo dos próximos 36 meses, para que possam enfrentar a nova realidade, sem prejudicar a segurança dos beneficiários dos sistemas próprios de previdência”.

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